Um lugar aulto
Um Lugar Alto
No início do livro de Apocalipse, João recebe a ordem: “Escreve as coisas que existem, as que são e as que depois destas hão de acontecer” (Apocalipse 1:19). As “coisas que existem” referem-se à visão inicial de João, contemplando Deus no trono, Jesus, os sete espíritos e os sete candelabros, revelando a realidade celestial presente. As “coisas que são” correspondem à situação atual da igreja na Terra, simbolizada pelas sete igrejas da Ásia Menor, que recebem mensagens de exortação, correção e encorajamento. Já as “coisas que depois destas hão de acontecer” se iniciam a partir do capítulo 4, quando João é levado a contemplar a realidade divina do céu de forma mais elevada, acompanhando a sequência dos acontecimentos futuros, incluindo o juízo, a purificação e a consumação do plano de Deus para Israel e para os gentios. Nesse contexto, Paulo explica em Romanos 11:25-26 que houve um endurecimento parcial sobre Israel até que os gentios alcancem a plenitude, mas que, no final, todo Israel será salvo; em 2 Coríntios 3:14-16, o apóstolo esclarece que o véu sobre o coração dos judeus será removido quando se converterem ao Senhor; e em 1 Tessalonicenses 2:14-16, ele enfatiza que alguns judeus, por rejeitarem a mensagem de Cristo e perseguirem os cristãos, estão sob a ira de Deus até ao fim, destacando o juízo sobre os que resistem, mas sem excluir a esperança de restauração. Os objetos do Templo — a menorá de sete braços e a mesa dos doze pães da proposição — reforçam simbolicamente esse plano divino: o número sete representa a perfeição e as igrejas (capítulos 1–3 do Apocalipse), e o número doze representa a plenitude das tribos de Israel (capítulos 4 em diante). A figura de Josué, cujo nome significa Jesus, prefigura a ação de Cristo: Josué despediu sete nações e estabeleceu as doze tribos; o Novo Josué, Jesus, tem espaço para as doze tribos e para os sete povos gentios, cumprindo o plano de Deus para toda a humanidade. Em todos esses relatos, o relato do fim do mundo é iniciado a partir de um lugar elevado: nos Evangelhos sinóticos, Jesus sobe ao Monte das Oliveiras para anunciar os sinais da tribulação e a vinda do Filho do Homem; Paulo, em 1ª e 2ª Tessalonicenses, apresenta a Vinda de Cristo como ocorrendo quando Deus o leva a um lugar alto, antes do Dia de Cristo, que traz juízo e vingança; e João, no Apocalipse, recebe a visão completa somente quando é levado em espírito ao céu, a partir do capítulo 4, permitindo contemplar todo o curso dos acontecimentos escatológicos. Assim, Jesus, Paulo e João estabelecem um padrão simbólico e literário: o fim dos tempos é revelado de um ponto elevado, mostrando a sequência dos eventos futuros, o juízo, a restauração de Israel, a inclusão dos gentios e a plenitude do plano de Deus na história e na consumação final.
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